segunda-feira, 4 de junho de 2012

Desenvolvimento Cognitivo

Jean Piaget estudou o desenvolvimento cognitivo da criança. Segundo este autor, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo. O ser humano vai atravessando estádios ou etapas constantes e sequenciais de ordem invariável. É de realçar que a passagem entre os diversos estádios não é brusca, acontecendo gradualmente.
É defensor de uma posição construtivista/interacionista: as estruturas do pensamento são produto de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo, deste modo, um papel ativo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.
O desenvolvimento dá-se através do equilíbrio entre a assimilação (integração de novos dados nas estruturas cognitivas já existentes) e a acomodação (adaptação/transformação dos esquemas mentais do sujeito por influência da incorporação da ação exercida pelo meio).
Para Piaget, há quatro estádios de desenvolvimento:


Estádio Sensorio-motor:

Nesta etapa, a inteligência da criança apoia-se nas capacidades percetoras de acção e dos comportamentos dos outros, ou seja, a inteligência é essencialmente sensorial e motora.
A criança tem noção de uma realidade que não depende de si e desenvolve a noção da permanência dos objetos, de causa e de espaço:
Objeto permanente (ocorre aos 9 meses) – compreensão de que os objetos existem apesar de poderem não estar à vista.
Surgimento da intencionalidade – age com o intuito de atingir um objetivo, sendo para isto necessário, a diferenciação entre causa e efeito.
Espaço contínuo (dos 18 aos 24 meses) – torna-se num espaço representativo; o espaço contém a própria criança e não existe nada além dela.
 
Tempo objetivo e representatividade – numa primeira etapa a criança passa algum tempo conectada a sensações corporais (ex: se tem fome, o tempo nunca mais passa). Todavia, perante uma sequência, começa a ter noção do tempo se for ela a principiar essa sequência.


Estádio Pré-Operatório:

Nesta fase, as ações são interiorizadas e as crianças constroem as operações.
Existem três tipos de argumentos que dão conta das conservações:
A criança está perante um pedaço de plasticina
- Identidade: Ex.: não se retirou nem se acrescentou, continua a mesma quantidade.

- Reversibilidade: Ex.: foi esticada, agora pode-se fazer a bolinha outra vez.

- Compensação: Ex.: Está esticada, parece mais comprido porém é mais fininha.

Está presente a capacidade de criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação, é o período da fantasia - Representação mental
Desabrocha o pensamento simbólico (utilizando símbolos) ou simiótica (utilizando signos), possibilitando o surgimento, por exemplo, da linguagem e da imitação. É de salientar que a criança não é capaz de fazer raciocínios lógicos.
Neste estádio, a criança acredita que a realidade é aquilo que ela quer. Esta centração impede a criança de compreender que, sobre a realidade, há outras perspetivas para além da sua - Egocentrismo intelectual
Perante um objeto/acontecimento está evidente a tendência da criança em centrar-se apenas num aspeto, não conseguindo ver duas realidades em simultâneo- Incapacidade de Descentração
Os objetos existem para a criança caso sirvam para algo e em função da utilização que a criança lhes dá.
As crianças centram-se nos estados presentes e não nos estados de transformação.



Finalmente, nesta etapa, a criança é capaz de substituir um objeto/acontecimento por uma representação. Isto só é possível devido ao pensamento simbólico característico deste estádio.



Estádio das Operações Concretas:

Neste estádio, ocorre a passagem das operações pré operatórias para as operações lógicas (formas de transformação).
Desta forma, impera o pensamento lógico e a criança desenvolve conceitos e tem a capacidade de realizar operações mentais.
Ocorre o desenvolvimento da noção de conservação da matéria sólida e líquida e, posteriormente, do peso e volume e conceitos de espaço e tempo:
  Física: Substância (7anos); Peso (8/9 anos); Volume (10/11 anos)

  Espaciais: Comprimento, Superfície, Volume espacial






       Há também o desenvolvimento dos conceitos de número e lógica, tornado possível a realização de Operações lógico matemáticas com quantidades descontínuas.
A criança já é capaz de fazer classificações e seriações:
Classificação: Assimila objetos consoante as suas parecenças, agrupa objetos em função de qualquer semelhança, formando subconjuntos e constrói classificações hierárquicas.
Seriação: ou seja, agrupamento de relações. Não consegue construir uma série escalada - ausência de seriação.
Nesta fase a quantidade é avaliada pelo comprimento.


          
  Estádio das Operações Formais:

            Do ponto de vista da capacidade de pensar, o pensamento não se cinge apenas a “saber” o objeto, mas sim a pensar o objeto. Isto acontece quando o objeto é apreendido e faz parte do pensamento. Está bem patente um desenvolvimento no uso da lógica dedutiva e indutiva.
Nesta etapa a criança Já resolve problemas, já opera sem o suporte concreto, isto é, realiza operações formais. Coloca mentalmente as hipóteses, deduzindo as consequências (raciocínio hipotético-dedutivo).
Compreende que para além da sua perspetiva, os outros podem ter posições diferentes, contudo pensa que as suas ideias são as melhores e podem resolver todos os problemas (Egocentrismo intelectual).






Em suma, Piaget defendia que as crianças pensam e raciocinam de maneira distinta consoante o estádio de desenvolvimento onde se encontram. As crianças da mesma faixa etária cometem os mesmo erros pois raciocinam e conectam com o mundo de forma idêntica.

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