Jean Piaget
estudou o desenvolvimento cognitivo da criança. Segundo este autor, a
inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo. O ser humano vai
atravessando estádios ou etapas constantes e sequenciais de ordem invariável. É
de realçar que a passagem entre os diversos estádios não é brusca, acontecendo
gradualmente.
É defensor de uma
posição construtivista/interacionista: as estruturas do pensamento são produto
de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo,
deste modo, um papel ativo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.
O
desenvolvimento dá-se através do equilíbrio entre a assimilação (integração de
novos dados nas estruturas cognitivas já existentes) e a acomodação
(adaptação/transformação dos esquemas mentais do sujeito por influência da
incorporação da ação exercida pelo meio).
Para Piaget,
há quatro estádios de desenvolvimento:
Estádio Sensorio-motor:
Nesta etapa, a
inteligência da criança apoia-se nas capacidades percetoras de acção e dos comportamentos
dos outros, ou seja, a inteligência é essencialmente sensorial e motora.
A criança tem noção de
uma realidade que não depende de si e desenvolve a noção da permanência dos objetos, de causa e de
espaço:
- Objeto permanente (ocorre aos 9 meses) – compreensão de que os objetos existem apesar de
poderem não estar à vista.
- Surgimento da intencionalidade – age com o intuito de atingir um objetivo, sendo
para isto necessário, a diferenciação entre causa e efeito.
- Espaço contínuo (dos 18 aos 24 meses) – torna-se num espaço representativo; o espaço
contém a própria criança e não existe nada além dela.
-
Tempo objetivo e representatividade – numa primeira etapa a criança passa algum tempo conectada a sensações corporais (ex: se tem fome, o tempo nunca mais passa). Todavia, perante uma sequência, começa a ter noção do tempo se for ela a principiar essa sequência.
Tempo objetivo e representatividade – numa primeira etapa a criança passa algum tempo conectada a sensações corporais (ex: se tem fome, o tempo nunca mais passa). Todavia, perante uma sequência, começa a ter noção do tempo se for ela a principiar essa sequência.
Estádio Pré-Operatório:
Nesta fase, as ações
são interiorizadas e as crianças constroem as operações.
Existem três tipos de
argumentos que dão conta das conservações:
A criança está perante um pedaço de plasticina
- Identidade:
Ex.: não se retirou nem se acrescentou, continua a mesma quantidade.
- Reversibilidade: Ex.: foi
esticada, agora pode-se fazer a bolinha outra vez.
- Compensação: Ex.: Está esticada,
parece mais comprido porém é mais fininha.
Está presente a
capacidade de criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação, é o
período da fantasia - Representação
mental
Desabrocha o pensamento simbólico (utilizando símbolos) ou simiótica (utilizando signos), possibilitando
o surgimento, por exemplo, da linguagem e da imitação. É de salientar que a criança não é capaz de fazer raciocínios
lógicos.
Neste estádio, a
criança acredita que a realidade é aquilo que ela quer. Esta centração impede a criança de
compreender que, sobre a realidade, há outras perspetivas para além da sua - Egocentrismo intelectual
Perante um objeto/acontecimento
está evidente a tendência da criança em centrar-se apenas num aspeto, não
conseguindo ver duas realidades em simultâneo- Incapacidade de Descentração
Os objetos existem
para a criança caso sirvam para algo e em função da utilização que a criança
lhes dá.
As crianças centram-se
nos estados presentes e não nos estados de transformação.
Finalmente, nesta
etapa, a criança é capaz de substituir um objeto/acontecimento por uma
representação. Isto só é possível devido ao pensamento simbólico característico
deste estádio.
Estádio
das Operações Concretas:
Neste estádio, ocorre a passagem das operações pré operatórias para as operações
lógicas (formas de transformação).
Desta forma, impera o pensamento lógico e a criança
desenvolve conceitos e tem a capacidade de realizar operações mentais.
Ocorre o desenvolvimento da noção de conservação da matéria sólida
e líquida e, posteriormente, do peso e volume e conceitos de espaço e tempo:
Física: Substância (7anos); Peso (8/9 anos); Volume (10/11 anos)
Espaciais: Comprimento, Superfície, Volume espacial
Há também o
desenvolvimento dos conceitos de número e lógica, tornado possível a realização
de Operações lógico matemáticas com quantidades descontínuas.
A criança já é capaz de fazer classificações e seriações:
Classificação: Assimila objetos consoante
as suas parecenças, agrupa objetos em função de qualquer semelhança, formando subconjuntos
e constrói classificações hierárquicas.
Seriação: ou seja, agrupamento
de relações. Não consegue construir uma série escalada - ausência de seriação.
Nesta fase a quantidade é avaliada pelo comprimento.
Estádio das Operações
Formais:
Nesta etapa a criança Já resolve problemas, já opera sem o
suporte concreto, isto é, realiza operações formais. Coloca mentalmente
as hipóteses, deduzindo as consequências (raciocínio hipotético-dedutivo).
Compreende que para além da sua perspetiva, os outros podem
ter posições diferentes, contudo pensa que as suas ideias são as melhores e
podem resolver todos os problemas (Egocentrismo intelectual).
Em suma, Piaget defendia que
as crianças pensam e raciocinam de maneira distinta consoante o estádio de
desenvolvimento onde se encontram. As crianças da mesma faixa etária cometem os
mesmo erros pois raciocinam e conectam com o mundo de forma idêntica.
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