segunda-feira, 4 de junho de 2012

Desenvolvimento Moral


A moralidade representa um conjunto de princípios ou ideais que auxiliam um sujeito a distinguir o que está certo e o que está errado e, por fim, agir em conformidade.
O raciocínio moral está relacionado com o desenvolvimento cognitivo e com a idade.
Neste campo destacam-se as teorias de Piaget e de Kohlberg que desenvolveremos de seguida.

Jean Piaget

            A teoria de Piaget enuncia que o desenvolvimento moral é alicerçado no respeito e compreensão das regras.
             Todos os estudos que Piaget realizou permitiram concluir que crianças em diferentes faixas etárias apresentam diferenças quanto ao respeito das regras, passando pela fase de heteronímia e autonomia moral.
            Na primeira fase, Heteronímia Moral, a criança obedece a regras de uma autoridade superior. Essas regras são imutáveis e sagradas e quando ocorrem infrações há punições e castigos. Nesta fase, a criança não tem em conta a intencionalidade da ação. A título de exemplo, para uma criança com moralidade heterónima sempre que uma pessoa é castigada, é porque ela fez algo de errado e por isso tem de ser punida.
            No que diz respeito à segunda fase, Autonomia Moral, o raciocínio do sujeito apoia-se no respeito mútuo e, na decisão acerca do ato (certo ou errado), já tem em conta a intencionalidade da ação.

Lawrence Kohlberg

            Kohlberg realizou estudos neste campo (desenvolvimento moral) e concluiu que a faixa etária em que a criança se encontra tem influência no tipo de raciocínio moral que possui.
            Com base na conclusão a que chegou, Kohlberg advoga que o desenvolvimento moral se desenvolve numa progressão invariável de três níveis de raciocínio moral. É de realçar que cada nível é constituído por dois estádios.
Sendo assim, a teoria de Kohlberg incorpora seis estádios que representam formas distintas de raciocínio moral.

I – Nível Pré-convencional ou pré-moral (infância)

Este nível corresponde à obediência a regras de autoridades superiores para evitar punições e castigos, ou seja, o sujeito só pensa em si próprio.
Dentro deste nível encontramos dois estádios:

  Estádio 1: Moralidade Heterónoma
As crianças só pensam nelas próprias (egocentrismo) e não querem ser apanhadas e, por isso, obedecem às regras superiores.

















Ex: O pai diz que não devo roubar porque vem o polícia e sou preso.


  Estádio 2: Individualismo, propósito e troca instrumental
Neste estádio continua bem patente o egocentrismo e o egoísmo, a criança só vai agir de determinada forma se isso a beneficiar e for de encontro aos seus interesses, ou seja, se ganhar algo com isso (recompensa).
É pertinente realçar que podem ser incluídos neste nível alguns adolescentes e delinquentes.
Ex: A Joana saiu na sexta à noite sabendo que a treinadora lhe disse que tinha de dormir cedo devido ao jogo de sábado. Eu vi que a Joana saiu e vou dizer à treinadora porque assim ela pode colocar-me no 11 titular.

II – Nível convencional (da adolescência em diante)

Este nível patenteia a fase da adolescência em que está presente a moralidade do ser “bom rapaz” não desiludir as pessoas que o rodeiam e a manutenção da ordem social.
Este nível incorpora os seguintes estádios:

  Estádio 3: Expectativas e relações interpessoais mútuas e conformidade interpessoal
Neste estádio o sujeito age com o intuito de estar à altura das expectativas das outras pessoas, tentando não desapontar ninguém. Desta forma, o indivíduo tenta parecer “boa pessoa” comportando-se em conformidade com os estereótipos sociais vigentes, tendo sempre boas intenções nas suas ações independentemente das leis.
Ex: O João joga futebol e está decidido a dedicar-se ainda mais, já que, o seu pai foi uma grande referência no futebol, e ele não quer desiludir o pai e quer que este sinta muito orgulho nele.

  Estádio 4: Sistema social e consciência
            Neste estádio está bem patente a preocupação de manter a ordem social para ser possível esta funcionar corretamente. Para tal, é necessário cumprir as leis e respeitar as convenções.
            Ex: Se toda a gente roubasse para comer, a sociedade seria um caos!
            É de maior importância referir que a maioria das pessoas permanece neste nível, não sendo capazes de avançar mais.
            Ex: O Luís teve jogo no fim de semana e foi expulso por agredir o adversário. Ele ficou muito chateado pelo árbitro lhe exibir o cartão vermelho, contudo sabia que ao tomar aquela atitude seria expulso porque a regra do jogo assim o diz.

III- Nível pós-convencional

Neste nível, as pessoas libertam-se das convenções. Representa aquilo que o Homem pode fazer para intervir na sociedade, o que pode alterar para a tornar melhor. O sujeito defende valores como a justiça, liberdade e igualdade.
Os estádios que este nível engloba são:

  Estádio 5: Contrato social
            Neste estádio o sujeito assume uma posição crítica em relação às leis e às normas do que na sua opinião não respeitam os valores universais (liberdade, igualdade, entre outros). Deste modo vai tentar mudá-las com o intuito de tornar a sociedade um lugar melhor.
            Para ele essas mudanças seriam democráticas advogando o seguinte lema:
Maior bem para o maior número de pessoas.
            Deste modo constroem-se contratos sociais constituídos por leis e normas, que têm de ser respeitadas, para ser possível um bom funcionamento da sociedade.
           
  Estádio 6: Princípios éticos universais
            Neste estádio o indivíduo tem o objetivo de mudar a sociedade apelando à revolta e a valores éticos universais como a justiça, igualdade, liberdade e respeito.
            É de salientar que os indivíduos que se situam neste estádio dão mais valor aos seus princípios do que a si mesmos.
            São exemplos deste estádio personalidades como Mandela, Luther King, Gandi, entre outros.
           
Na nossa opinião é de destacar que são raras as pessoas que atingem este patamar.

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